segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Formação das Monarquias Nacionais Modernas (I)


As Monarquias Portuguesa e Espanhola

A unificação política da Espanha, bem como a de Portugal, não está associada a uma significativa evolução da economia capitalista-burguesa, não surgindo, portanto, como resultado da aliança entre a realeza e a burguesia, como ocorreu na França e na Inglaterra. Fundamentalmente, ela se originou da necessidade que tiveram os nobres de se reunir no combate contra os muçulmanos durante a Guerra da Reconquista.

Durante séculos, os cristãos lutaram contra os muçulmanos pela recuperação do seus territórios. Essas lutas tornaram-se mais intensas a partir do século XI, com a influência do espírito das Cruzadas. Da Guerra da Reconquista contra os mouros nasceram, ao longo dos séculos XI e XII, os reinos de Leão, Castela, Navarra e Aragão.

Castela e Aragão acabaram por anexar Leão e Navarra, bem como os novos territórios reconquistados pelos cristãos. Em 1469, com o casamento dos reis Fernando de Aragão e Isabel de Castela, os dois reinos se unificaram. A conquista de Granada, em 1492, por Fernando de Aragão eliminou o domínio muçulmano na península Ibérica e encerrou o processo de formação da monarquia nacional espanhola.

Também relacionado ao processo de reconquista, está o surgimentodo reino de Portugal. Durante a Baixa Id. Média, os embates entre cristãos e muçulmanos atraíam grande número de cavaleiros medievais (não existia Exército). Esses cavaleiros dispunham-se a apoiar os reinos Ibéricos em troca de benefícios ou concessões. Entre esses nobres, distinguiu-se Henrique, da casa de Borgonha. O auxílio prestado ao rei Afonso VI, de Leão, valeu-lhe o casamento com uma das filhas do monarca e o recebimento, a título de dote, do Condado Portucalense.

Em 1139, sob a liderança de Afonso Henrique, filho de Henrique de Borgonha, o Condado Portucalense proclamou sua independência. Surgia, assim, o reino de Portugal, governado pela dinastia de Borgonha. Durante o reinado dessa Dinastia, o reino expandiu seus territórios, conquistando aos mouros terras localizadas ao sul do país.

Em 1383, morria Dom Fernando, o último rei da Dinastia de Bogonha, iniciando-se uma disputa pela sucessão do trono. A nobreza ambicionava entregar a coroa ao rei de Castela, genro de D. Fernando, enquando o grupo mercantil sentia, nessa união, uma ameaça aos seus interesses, devido ao caráter acentuadamente feudal da política de Castela.

O acirramento das tensões entre burguesia e a nobreza propiciou a Revolução de Avis: o grupo mercantil, os populares, chamados de "arraia miúda" e os nacionalistas em geral uniram-se a Dom João, o Mestre de Avis, irmão bastardo do finado D. Fernando, para enfrentar a nobreza e os castelhanos. Em 1365, com a derrota dos castelhanos na batalha de Aljubarrota, D. João foi aclamado rei de Portugal, inaugurando um forte Estado Nacional.

A ascensão de D. João intensificou a integração de interesses entre o rei e a burguesia comercial. Buscando maior poder, o rei passou a realizar conquistas que beneficiavam a burguesia, ao ampliar o mercado para seus produtos; paralelamente, a ampliação do comércio começou a gerar maior arrecadação de impostos, beneficiando o rei. Foi a comunhão desses interesses que possibilitou a expansão ultramarina portuguesa.

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