
"O Barroco, mais do que um estilo da época, pode ser uma estratégia de representação e de organização do pensamento. Neste sentido, ele é intemporal. Transcende os séculos XVII e XVIII." Affonso Romano de Sant'Anna, 2000.
Barroco é a expressão artística que reúne um conjunto de características estéticas e formais que pretendia conciliar os conflitos do homem seiscentista, o que não é atingido, persistindo os dilemas. Para entendermos o Barroco, é bom analisarmos os acontecimentos que desencadearam os conflitos vividos pelo homem barroco.
Renascimento: A retomada dos valores da cultura clássica, que dominou nas três primeiras décadas do século XVI (Antropocentrismo), favorecendo-se de novos conhecimentos científicos, valorizando os prazeres terrenos.
Grandes Navegações: Ampliação dos horizontes.
Reforma Protestante: Liderada por Lutero, desencadeou a divisão e reestruturação da Igreja.
Contra-Reforma: Resposta da Igreja Católica, que buscou reprimir a liberdade cultural e religiosa, reafirmando as posições da própria Igreja Católica.
Economia: A Revolução Comercial firmada no mercantilismo, favorável ao acúmulo de capitais.
Política: O autoritarismo político consolidado no absolutismo que centralizava todos os poderes nas mãos do rei.
A arte barroca reflete o homem dividido entre o racionalismo, o prazer, a riqueza. Antropocentrismo e a renúncia a esses prazeres por pressão religiosa (Teocentrismo).
O Barroco também é denominado:
Eufuísmo (Inglaterra): Influenciado pelo título do romance "Euphes or the Anatomy of wit", de John Lyly.
Gongorismo (Espanha): Sinônimo de Barroco na Espanha, influência do poeta Luís de Gôngora y Argote.
Marinismo (Itália): Influência do poeta Giambattista Marini.
Preciosismo (França): Forma extremamente elaborada, rebuscada na corte de Luís XIV, o rei Sol.
Silesianismo (Alemanha): Influência dos escritores da Silésia, que deu origem à Escola Silesiana.
Características:
Cultismo ou Gongorismo: Linguagem rebuscada, culta; explora o sensorial como cor, forma, som; caracteriza-se pelo jogo de palavras e pelo excesso de figuras de linguagem.
Conceptismo ou Quevedismo: Influência do espanhol Quevedo, é o jogo de idéias, conceitos, raciocínio lógico, utiliza retórica elaborada.
Carpe Diem: Consciência de que a vida é efêmera, daí o desejo de gozá-la, ao mesmo tempo em que quer preparar-se para a salvação, mas pecando não há salvação (dualidade).
Pessimismo: Por viver na dúvida, apresenta uma visão atormentada do mundo.
Religiosidade: Conflituosa, na certeza da insignificância diante de Deus, busca o perdão divino.
Dualidade: Arte da dúvida, do conlito, do dilema, que se expressa através de antíteses, paradoxos e oxímoros.
Fusionismo: Apesar de expor os conflitos, o homem barroco tenta uni-los, conciliá-los por meio de figuras de linguagem.
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