
No período da Baixa Idade Média, período a partir do século XI no qual o Feudalismo deu seus primeiros sinais de crise e começaram a surgir as primeiras características que levaram ao capitalismo; ao lado das intensas transformações econômicas e sociais, a crise feudal e o início da formação do capitalismo geraram profundas mudanças de natureza política. A autonomia das cidades, mecanismo inicial da atividade comercial, não sobreviveu a um fenômeno mais forte, que foi a centralização do poder real, dando origem às Monarquias. Vejamos as principais razões e origens dessa crise feudal:
1. Componente basilar do feudalismo, oriundo de sua própria organização econômica e social foi o rudimentar nível técnico da produção agrícola. Desta forma, para enfrentar o crescimento demográfico, a saída foi ocupação de novas terras, as quais foram sendo incorporadas como áreas de cultivo ao longo de toda a Alta Idade Média, verificando-se aumento da produção em números absolutos sem aumento de produtividade para atender às necessidades de uma população crescente.
2. A saturação das estruturas produtivas feudais aliadas ao crescimento incessante dentro dos feudos trouxe um efeito crucial ao ruir do pressuposto fundamental do feudalismo: a subsistência não era mais atingida, tendo como consequência a fome, seguida pela expulsão do excedente populacional dos feudos.
3. A necessidade de sobrevivência dos grupos excluídos gerou o desenvolvimento de atividades não agrícolas nos centros urbanos.
4. A nobreza despossuída de terras não consegue, com a simples aliança com a Igreja, atender o crescente número de nobres sem terras. Para esta parcela da nobreza, o rompimento com os limites feudais era necessário.
As crises da sociedade feudal não devem jamais ser suprimidas, haja vista o caráter de desarrumação que provocaram. As fomes e as epidemias dizimaram uma considerável parte da população, diminuindo o mercado consumidor e a mão-de-obra. As gueras (principalmente a dos Cem Anos), desarticularam a produção e o comércio, principalmente na Inglaterra e na França, e fizeram surgir uma violenta carga tributária (impostos) para suprir os gastos militares. Isto vinha mostrar o estado por que passava o feudalismo, não mais atendendo aos anseios de uma Europa crescente e urbanizada.
O fim da Idade Média pode ser definido, no Ocidente, pelo fortalecimento da aliança burguesia-realeza e o estabelecimento dos Estados Nacionais, em contrapartida ao descentralizado e caótico mundo feudal. Essa política centralizadora logo sobrepujou os senhores feudais, que se viram obrigados a uma integração definitiva na nova política vigente. A partir disto, surge a história portuguesa, com seu pioneirismo centralizador, fazendo-se o primeiro Estado Nacional europeu.
Contribuíram para a centralização do poder real dando origem às Monarquias, o enfraquecimento da nobreza, ao mesmo tempo se intensificaram as revoltas camponesas que não conseguiam ser detidas pelos mecanismos feudais de defesa. A própria sobrevivência da nobreza dependia de um poder forte, capaz de conter massas camponesas e a ascensão política da burguesia e garantir a eles (nobres) a manutenção de suas terras, de sua condição hegemônica e seu poder.
Do seu lado, a burguesia tinha interesse na formação de estados fortes, pois uma administração centralizada reduziria a grande diversidade de moedas em circulação, padronizaria os tributos e as práticas legais, o que permitiria um maior desenvolvimento comercial, por fim, diminuiria os incontáveis pedágios internos que oneravam os preços das mercadorias. Além disso, uma Monarquia forte representaria um enfraquecimento do poder da Igreja, que condenava o lucro (ruim para a burguesia).
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